DAVOS: Hélder Barbalho diz que o evento em Belém é a oportunidade para o Brasil oficializar seu protagonismo com a transição energética e a defesa da floresta viva em momento que Trump diz que os EUA vai sair do Acordo de Paris

Ele defendeu regulamentar o crédito de carbono, uma das marcas do Acordo de Paris.

O Brasil neste ano de 2025 não terá muitos representantes em Davos, na Suíça, por conta do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) 2025. O evento começou nesta segunda-feira, 25, dia da posse de Donald Trump nos Estados e de reunião ministerial em Brasília.

Por conta da a realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em Belém, o evento é uma oportunidade do Brasil liderar a agenda climática do planeta, disse o governador do Pará, Hélder Barbalho, um dos poucos brasileiros com destaque no evento desta semana.

Barbalho participou, ao lado de representantes dos setores público e privado, ligados à agenda ambiental no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, nesta terça-feira ,21, defendeu o legado da COP 30 para a valorização da floresta, para a bioeconomia e para o clima.

“Nós estamos trabalhando para que o Brasil, pelo exemplo, possa ter a capacidade de exercer o seu papel de liderança ambiental no planeta, efetivamente, pelas suas condições ambientais, por ter em seu território diversos biomas mas particularmente o destaque do bioma amazônico faz do Brasil uma referência para a agenda climática e nós desejamos que esta COP, com o seu simbolismo, traga a oportunidade da conjugação do debate construtivo envolvendo a ciência, envolvendo as instituições públicas, as companhias e instituições privadas, mas, também, a capacidade de escuta dos povos ancestrais, aos povos tradicionais que habitam na floresta e na Amazônia”, frisou Helder Barbalho.

O governador participou, em seu segundo dia de compromissos no Fórum, do painel “Road to COP30”, ao lado de Jesper Brodin, CEO do grupo IKEA; Simon Stiell, secretário executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC); Diana Olick, correspondente sênior para clima e mercado imobiliáririo da CNBC; Mukhtar Babayev, ministro da Ecologia e Recursos Naturais do Azerbaijão e presidente da COP29; e Damilola Ogunbiyi, representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas.


Transição energética e floresta

O governador defendeu dois pilares para o alcance da neutralização de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE): investimentos em transição energética e a valorização da floresta, com destaque para o mercado de carbono e o estímulo à bioeconomia.

“O mundo busca neutralizar suas emissões e enxergamos dois importantes pilares para a busca dessa neutralização: por um lado, os investimentos em transição energética, para que nós possamos reduzir as dependências do uso de combustíveis fósseis e o Brasil se apresenta como importante player com conteúdo através do estímulo e incentivo ao biocombustível, ao SAF (combustível de aviação sustentável, na sigla em inglês), que cada vez mais se mostra como estratégia central nesta transição de combustíveis, a outras matrizes energéticas que reforçam, e o exemplo do Brasil, se utilizar da matriz hidrológica, faz o país ter a autoridade necessária de ter mais de 80% do seu uso de energia renovável”, destacou.

“Por outro lado, o segundo pilar, que é a valorização da floresta. Floresta viva precisa valer mais do que floresta morta e nós entendemos que o mercado de carbono e o incentivo à bioeconomia, através de ciência, conhecimento e pesquisa para o fortalecimento da nossa biodiversidade, pode gerar empregos verdes, produzir pagamento por serviços ambientais, assegurar com que a valorização da captura de carbono possa gerar a grande estratégia compensatória para a busca das metas estabelecidas pelas companhias privadas e pelos setores públicos e países signatários do acordo de Paris, no momento em que Belém permitirá, passados 10 anos, que possamos fazer o check list e apontar os novos desafios para as urgências ambientais, para que possamos encontrar caminhos efetivos que equilibram as condições econômicas e os desafios ambientais do planeta”, disse o governador.


Consciência ambiental

Helder Barbalho frisou que a consciência sobre a agenda ambiental é fundamental para a tomada de decisões nos setores público e privado e que a sociedade precisa pautar o mercado e o consumo a partir de práticas sustentáveis.

“Temos que trabalhar em duas frentes: primeiro a consciência da sociedade, de que ela precisa pautar o mercado e pautar consumo para práticas que efetivamente sejam sustentáveis, para que, a partir de um movimento de sociedade, as instituições possam estar adaptadas e adequadas a esta nova realidade. Se não houver pressão, nós não conseguiremos entregar para esta geração, quanto mais para as próximas, o resultado efetivo, e trabalhar as companhias e os governos para que possam impulsionar o financiamento. E a COP 30 tem um papel decisivo de ser a COP da implementação, de fazer com que aquilo que se discute, constrói e busca conscientizar, possa se transformar em efetiva realidade na escala e não apenas que possamos ficar com discursos, com drops e cases de sucesso, e possamos escalar isto na dimensão da necessidade”.


Educação ambiental

O governador do Estado também lembrou que o Pará se destaca no Brasil por oferecer educação ambiental como disciplina na grade de ensino regular, estimulando as próximas gerações.

“No Pará, que será sede da COP 30, hoje, todos os alunos da rede pública de ensino recebem no currículo pedagógico regular aula de educação ambiental, para que, com isso, nós possamos formar os novos cidadãos e possamos, a partir da juventude, implementar dentro das gerações com maior faixa etária essa consciência para a transição comportamental”, disse.

“Nós não podemos desistir. Nós temos que ter consciência de que cada vez mais os eventos climáticos batem às nossas portas, se antigamente era uma discussão que estava intramuros, na pesquisa, nas universidades, nos cientistas, hoje não existe um país do mundo que não esteja sofrendo diretamente a perda de vidas e aqueles que talvez não tenham a sensibilidade com a vida, as perdas econômicas, e nada melhor do que este fórum, que reúne os principais conglomerados econômicos do planeta para compreender que aqueles que não estão sensibilizados com o meio ambiente, possam ter a sensibilidade com os impactos econômicos advindos das crises ambientais”, concluiu Helder Barbalho.

O Fórum Econômico Mundial 2025 (WEF, na sigla em inglês) reúne líderes globais para abordar os principais desafios globais e regionais. Isso inclui responder a choques geopolíticos, estimular o crescimento para melhorar os padrões de vida e administrar uma transição energética justa e inclusiva.


Mais

Mais cedo, Barbalho fez uma apresentação durante o painel “Sustainability in Brazil’s Future” realizado na Brazil House, um espaço inédito do país durante o Fórum Econômico Mundial. O local é palco de programações com autoridades locais e globais para discutir importantes temas, como sustentabilidade, transição energética, biotecnologia e o papel do Brasil na nova economia.

“Pela primeira vez teremos o maior momento de discussão ambiental acontecendo na floresta amazônica, maior floresta tropical do mundo, e certamente é uma oportunidade incrível que as Nações Unidas permitem ao planeta, ao mesmo tempo que permite ao Brasil pode liderar esse momento e esta agenda”, afirmou o governador paraense e presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal (CAL).

Helder Barbalho afirmou que o governo estadual atua para que o Brasil possa exercer o papel de liderança climática através do exemplo e desenvolvimento de iniciativas próprias voltadas à sustentabilidade, educação ambiental, fortalecimento da economia verde e desenvolvimento socioeconômico sustentável.


Oportunidade estratégica

Barbalho afirmou que a COP 30 em Belém é uma oportunidade estratégica para deixar um legado para valorização da floresta, construção e fortalecimento da bioeconomia e continuidade da regulamentação do mercado de carbono, o que considerou ser um dos maiores legados do evento.

Ele acrescentou que o evento também dever assegurar “a regulamentação do artigo sexto, que permita com que o mercado de carbono efetivamente possa estar regulamentado e, com isto, possamos estabelecer uma nova commodity global. O mundo busca neutralizar as suas emissões e enxergamos dois pilares. Transação energética para que possamos reduzir as dependências do uso de combustíveis fósseis e valorização da floresta”, avaliou.

Helder Barbalho voltou a afirmar que a floresta viva precisa ser valorizada e acredita que através do mercado de carbono seja possível estimular a bioeconomia através de ciência, conhecimento e pesquisa para fortalecimento da biodiversidade.

“Oportunidades para geração de empregos verdes, produção de pagamento por serviços ambientais, assegurar que a captura do carbono posso assegurar as metas de redução do setor privado e países signatários do acordo de Paris no momento em que Belém permitirá, passado dez anos, que possamos fazer o check list e apontar os novos desafios para as urgências ambientais e encontrar caminhos em equilíbrio das ambições econômicas e os desafios ambientais do planeta”, finalizou.

(da redação, com informações da Agência Pará. Edição de Genésio Araújo Jr..)

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